Semanas que não passaram. E isso vai além da minha mente que funciona como uma rotatória, na qual um otário não sai dela nem por determino da lei. Há uma menina que sempre me espera na décima segunda volta por algum motivo ela sempre me observa. Um tipo de amor, no qual ainda não me acostumei e eu, aqui girando sem parar esperando ela apenas chegar. Com um sorriso nos lábios me convidando pra mais algumas voltas, pra que ela se eternize na minha mente até o próximo instante. Ela me enobrece de uma maneira sem fim. Com um sorriso leve, com um olhar calmo, me chamando pra um chá, e uma conversa na qual eu não estaria habituado.
Sou um ator, que finge gostar do trabalho de doze horas por dia, todos os dias da semana, e por isso eu apenas fico nessa rotatória que é meu trabalho e minha mente que só pensa no mesmo. Acho que ela é um tipo de sinal divino. Uma chuva de verão bem no final da tarde, bem na hora que você está vendo o sol aparece o arco-íris, pra te lembrar do quanto à vida é boa e um sorriso não é uma sacristia. É o tipo de papo “ei agora meu amigo, você tem uma vida pra viver e não para enterrar nas papeladas que te deixam maluco”.
E por mais que eu queria sair da rotina, há algo que me prende. Por um segundo me sinto longe das voltas e voltas, e quando penso no alivio a roda gira, e me coloca bem no centro dela, me obrigando para que fique ali, com os papeis no rosto, a cabeça lá fora, a coluna em petição de miséria, e o único desejo: parem de girar.
Me enlouqueço a cada dia em plena sete horas da manhã, o despertador grita tanto que até meu vizinho acorda, falando vai a rotatória, teu dever te chama, ele está lá te esperando de braços abertos, pois você é um ótimo escravo e apenas por isso você não sai da roda que gira-gira-gira. E sabe, eu até já tentei e consegui fugir dessa vida de maluco, uma vez na vida, e pra minha desalegria a tal menina não apareceu. Acho que às vezes é preciso comer um pouco de jiló para que você possa provar o quanto é doce o sabor do teu sorvete favorito.
Hoje me perco em minha rotina, me achando em um belo e simples sorriso. E logo eu, um empresário que sempre me importei com grandes negócios, tudo em proporções maiores na qual deveria girar o olhar, ir de norte á sul pra olhar apenas um objeto de minha autoria.
Um ator, um empresário apenas mais um fracassado.
05.abril.2009